Ancor: O Guerreiro Caído

O guerreiro carrega uma história de dor. Uma amargura persistente é detetável na sua voz, fruto de experiências que, ainda hoje, o afetam profundamente. Tem um ar abatido e pessimista, longe de qualquer jovialidade. Esta aura de rancor acumulado envelhece-o, conferindo-lhe a sabedoria de quem viveu muito, mas também a marca de inúmeras cicatrizes.

Apesar da sua pose estoica, ele é frágil, abrigando uma alma profundamente sensível. Carrega consigo uma pesada carga de energia negativa, navegando pela vida com a dor de feridas que, muito provavelmente, jamais irão sarar. Muitas destas feridas resultam de desilusões: falsas esperanças, traições e falhanços passados. Sente também uma profunda vergonha. Longe de ser um ser impecável, pecou e bastante. Certas ações, erros e transgressões pesam sobre ele até hoje. Não possui, de todo, uma autoestima elevada. Quando se olha ao espelho, vê alguém magoado, mas também alguém por quem sente pouco respeito.

Mas ele é um guerreiro. Tem uma missão, um alvo, um objetivo tangível. Possui uma garra ferocíssima e, inevitavelmente, alcançará o que deseja. Isto o destaca. É como um animal selvagem trancado numa jaula: tem uma força interior impressionante. Resiste, morde, abana a jaula e, eventualmente, conseguirá escapar.

Tem um foco surpreendente. Sabe exatamente qual é o seu caminho e não se deixa distrair por trivialidades. Não gasta energia em conflitos desnecessários. É difícil travá-lo. Seguirá este caminho, mesmo que o mundo inteiro tente impedi-lo.

Não se rende por nada, nem cede a tentações ou ameaças. É capaz de olhar para uma multidão de pessoas e ignorá-las. Podiam trancá-lo numa cela de prisão, e nem aí cederia, nunca desistiria.

É um ser ferido, com momentos vulneráveis. A vida não lhe foi fácil, de modo algum. A amargura que carrega a cada passo não é culpa sua. Foram anos de desafios que o transformaram num guerreiro feroz, mas que o traumatizaram até certo ponto. Nunca mais conseguirá olhar para as flores e apreciá-las, nunca conseguirá viver no momento e sentir-se humilde e inocente como uma criança.

Ele é um guerreiro. Esta é a sua vida. Vive para a guerra. Poderá não a vencer, poderá morrer em batalha. Mas ele aceita o seu destino.

E por isso mesmo, ele se destaca. As pessoas veem a amargura no seu olhar, mas também veem um fogo de determinação.

Ancor é o guerreiro caído.