Falácias originais.

1. A Falácia Causa-Efeito

Descrição:
Esta falácia ocorre quando alguém assume que, se o resultado foi mau, então a causa (a ação da pessoa) também foi má.

Exemplo:

“Tenho enviado imensos currículos, mas ainda não consegui nenhuma entrevista.”
“De certeza que o teu currículo está mal feito. Se fosse bom, já tinhas sido contactado.”

Porque está errada:
Parte do princípio de que os resultados estão 100% sob o nosso controlo e ignora fatores externos como o estado do mercado, discriminação ou até puro acaso. Esta lógica culpa a vítima sem provas concretas – só porque o desfecho foi negativo.

2. A Falácia do Cientificismo

Descrição:
É o erro de exigir sempre um estudo científico de alto nível (revisto por pares, de uma instituição prestigiada) para aceitar qualquer argumento – mesmo quando o tema não requer necessariamente validação científica.

Exemplo:

“Sou contra a participação de mulheres trans em competições desportivas femininas.”
“Tens algum estudo científico que prove que elas têm vantagem física?”

Porque está errada:
Este tipo de exigência assume que:

  • Há sempre um estudo científico disponível para qualquer questão (o que é falso).
  • Apenas os estudos de instituições “top” (como Harvard ou a revista Nature) são válidos.
  • Sem esse estudo, o argumento não tem valor – mesmo que seja lógico ou baseado em observação empírica.

Além disso, permite usar estudos enviesados como forma de legitimar ideias questionáveis – desde que venham de fontes “respeitáveis”.

3. A Falácia da Subconjunto Mau

Descrição:
Consiste em atacar todo um grupo com base nos defeitos de uma minoria desse mesmo grupo.

Exemplo:

“Os apoiantes da direita são todos egoístas, xenófobos e misóginos. Nunca vamos ter uma mulher presidente neste país por causa disso.”

Porque está errada:
É verdade que uma minoria de apoiantes da direita pode ser machista ou xenófoba, mas isso não significa que todos o sejam – ou sequer a maioria. Este tipo de argumento distorce o grupo inteiro e impede o diálogo racional. Em vez de discutir ideias sobre economia, imigração ou liberdade individual, reduz tudo a rótulos negativos.

4. A Falácia do Enquadramento

Descrição:
Acontece quando se apresenta um contexto de forma tecnicamente verdadeira, mas que transmite uma visão distorcida da realidade.

Exemplo 1:

“Em 2025, houve um conflito cultural entre as cidades Y e Z da Arábia Saudita, resultando em 24 mortos e 129 feridos. As tensões deveram-se a fatores socioeconómicos e culturais.”

O que aconteceu realmente:
Um grupo de extremistas religiosos atacou muçulmanos moderados. A narrativa acima esconde a intenção, os responsáveis e a ideologia – e transforma um ataque num “conflito cultural”.

Exemplo 2:

“Sou contra o feminismo moderno porque exagera o papel de vítima da mulher e ignora os problemas que os homens também enfrentam na sociedade.”
“Então és contra os direitos das mulheres? Queres voltar aos tempos em que as mulheres não podiam trabalhar ou votar?”

Porque está errada:
Esta resposta ignora o conteúdo real da crítica e pinta o opositor como um inimigo da liberdade. Usa o nome “feminismo” como escudo, associando automaticamente qualquer crítica à opressão, quando o argumento era sobre os exageros e consequências sociais de certas ideias modernas.